Grécia, Portugal e Turquia no Mercado Emissor do Reino Unido


A tão falada e prometida série de Posts sobre o Mercado Emissor do Reino Unido é publicada esta semana, depois de muitas horas de trabalho e demasiados dias de espera.

O presente Post é um teaser a chamar a atenção para esta publicação!

Analisamos a evolução entre 1999/2013 das Deslocações de Residentes no Reino Unido a Grécia, Portugal e Turquia, por Motivo de Holiday (o nosso Férias, Lazer ou Recreio), em Avião e Destino Europa. O Segmento ‘Holiday, Avião, Europa’ é o mais importante no Mercado e nos países em causa.

 

*Deslocações de Residentes no Reino Unido a Seis Países (Todos os Motivos)
O Gráfico 1 apresenta a evolução de todas as Deslocações de Residentes no Reino Unido a Seis Países, isto é, por Motivo de Holiday, Business, Visiting Friends or Relatives e o residual Miscellaneous.

Gráfico 1 – Deslocações de Residentes no Reino Unido a Seis Países (Todos os Motivos)

(milhares)
 

 
Fonte: Elaboração própria com base em Office of National Statistics – International Passenger Survey

*Deslocações de Residentes no Reino Unido a Seis Países – Motivo Holiday
O Gráfico 2 apresenta a evolução das Deslocações de Residentes no Reino Unido a Seis Países apenas por Motivo de Holiday.

Gráfico 2 – Deslocações de Residentes no Reino Unido a Seis Países – Motivo Holiday

(milhares)
Fonte: Elaboração própria com base em Office of National Statistics – International Passenger Survey

*Deslocações de Residentes no Reino Unido a Seis Países – Motivo Holiday na Modalidade de Package Holiday
O Gráfico 3 apresenta a evolução das Deslocações de Residentes no Reino Unido a Seis Países por Motivo de Holiday, mas apenas na modalidade de Package Holiday de Operadores Turísticos.

Gráfico 3 – Deslocações de Residentes no Reino Unido a Seis Países – Motivo Holiday na Modalidade de Package Holiday
(milhares)
Fonte: Elaboração própria com base em Office of National Statistics – International Passenger Survey

*Tópicos Para Reflexão
No Total das Deslocações (Gráfico 1),

-a Grécia tem uma queda estrutural desde o início da década de 2000,

-a Turquia perde o ímpeto de crescimento desde 2008, fruto da queda do Mercado do Reino Unido entre 2008/2009 e de problemas internos,

-Portugal parece assumir a liderança do número de Deslocações no seio deste pequeno grupo de países.

Dada a importância do Motivo Holiday, as Deslocações por este Motivo (Gráfico 2) estão correladas com a evolução do Total.

A evolução das Deslocações por Motivo Holiday, mas apenas na Modalidade de Package Holiday questionam o ‘conhecimento dominante’ sobre a matéria:

-uma quase sufoco da Modalidade de Package Holiday pelo crescimento das Companhias Low Cost.

A realidade não é tão simples e é algo diferente:

-a muito importante queda das Deslocações em Package Holiday na Grécia nada tem a ver com Companhias Low Cost,

-o crescimento e posterior estabilização/declínio das Deslocações de Package Holiday para a Turquia também escapam à influência das Companhias Low Cost,

-em Portugal, a queda entre 2008/2009 tem pouco a ver com as Companhias Low Cost (um post sobre o Aeroporto de Faro tal confirmará),

-ainda em Portugal, apesar da Base Ryanair desde 2010, a modalidade de Package Holiday cresce desde 2009 e atinge o valor da Turquia em 2013.

Brevemente, terá informação detalhada sobre tudo isto e muito mais.

 
A Bem da Nação

Lisboa 23 de Junho de 2014
Sérgio Palma Brito

Mercado Emissor do Reino Unido e Turismo em Portugal – Três Factos do Ano de 2013


Estamos a preparar uma série de cinco Posts sobre o Mercado Emissor do Reino Unido e Portugal, com base na informação do International Passenger Survey (Aqui).

Um pouco à laia de aperitivo, chamamos a atenção do leitor sobre Três Factos do Ano de 2013.  

 

1.Três Factos do Ano de 2013

*Menos Turistas e Mais Receita – Portugal ganha à Alemanha, mas perde com a Grécia
Em 2013, os Turistas residentes no Reino Unido que visitam Portugal são menos dos que visitam a Alemanha, mas fazem mais despesa cá do que mais Turistas na Alemanha.

Não somos os melhores, porque a Grécia recebe menos turistas residentes no Reino Unido do que Portugal, mas obtém mais receita do que nós.

Com efeito, Portugal

-é sétimo e a Grécia nona no TOP 10 dos países visitados por Residentes no Reino Unido,

-é sexto no TOP 10 da Despesa efectuada por Residentes no Reino Unido, mas a Grécia é quinta.

*A Maioria das Dormidas é no Alojamento Não Classificado
Em 2013, os 2,1 milhões de Turistas Residentes no Reino Unido que visitam Portugal geram 19.486 milhões de Dormidas, das quais 6.974 milhões no Alojamento Classificado.

Por outras palavras,

-os Turistas Residentes no Reino Unido geram 12.512 milhões (64,2%) de Dormidas no Alojamento Não Classificado.

Parte destas Dormidas são em Alojamento Gratuito Por familiares e Amigos. A maior parte delas são passadas em Residências Secundárias de Utilização Turística (Por Conta Própria ou Arrendadas). Estas Residências Secundárias

-são na sua grande maioria Dispersas ou estão Integradas em Estabelecimentos de ‘Turismo Residencial Real’, de que Vale do Lobo é ícone.

Hostels e Apartamentos Urbanos (sobretudo nas Zonas Históricas de Lisboa e Porto) acolhem uma pequena parte destes 15.512 milhões de Dormidas.

*O (Perigoso) Equívoco do Decreto-Lei do Alojamento Local
Perante esta realidade, o Governo aprova um Decreto-Lei que

-lida (mal) com os Hostels e Apartamentos Urbanos,

-ignora a dinâmica de Criação de Valor pela maior parte dos 15.512 milhões de Dormidas,

-ou é aplicado de maneira transparente e sistemática a esta realidade e provoca um desastre na Economia do Turismo,

-ou não é aplicado, e cria injustiça (são apanhados uns ‘parvos’) e desacredita a Lei, a Politica e a ASAE.

Ainda ninguém percebeu que a realidade não ‘encaixa’ na Lei?

 
2.Suporte Analítico dos Factos

*Top 10 countries visited by UK residents for at least one night
O Gráfico 1 ilustra os “Top 10 countries visited by UK residents for at least one night”.

Gráfico 1 – Top 10 countries visited by UK residents
(milhares)

Fonte: Office of National Statistics – International Passenger Survey

*Top 10 countries by expenditure of UK residents whilst visiting abroad for at least one night
O Gráfico 2 ilustra os “Top 10 countries by expenditure of UK residents whilst visiting abroad for at least one night”.

Gráfico 2 – Top 10 countries by expenditure of UK residents
(£milhões)

Fonte: Office of National Statistics – International Passenger Survey

*Dormidas em Alojamento Classificado e Não Classificado
Os números citados são do INE e do Office of National Statistics. Serão detalhados na série de Posts referida.

 
A Bem da Nação

Lisboa 12 de Junho de 2014

Sérgio Palma Brito

Sobre o ‘supéravit’ na balança do turismo internacional e a degradação da Informação Estatística do Turismo


Em Post recente, analisámos um dos mais graves problemas escondidos da Economia do Turismo em Portugal:

-Portugal está em 72º lugar no que respeita à qualidade e cobertura da informação estatística, disponível para o sector do Turismo.

Pior,

-a indiferença geral sobre este facto confirma não haver procura exigente por Informação Estatística do Turismo qualificada por parte de «governments, industries, academia and the public»”.

*Intervenção do Director Executivo da Organização Mundial do Turismo
A recente intervenção* do Director executivo da Organização Mundial do Turismo (OMT), Márcio Lucca de Paula ilustra dois aspectos desta degradação:

-a referência a “chegadas de turistas internacionais” é o mais evidente: o Inquérito aos Movimentos de Pessoas nas Fronteiras foi realizado entre 2004 e 2007, pelo que o numero de ‘chegadas’ em 2013 é fruto de cálculos frágeis e inaceitáveis por escamotearem uma das mais graves lacunas da Informação Estatística do Turismo,

-a referência a valores e ranking internacional da Balança Turística (diferença entre Receita e Despesa de Viagens e Turismo na Balança de Pagamentos) exige análise.

*Dois Tipos de Indicadores Estatísticos
No Post já referido, distinguimos dois tipos de Indicadores da Informação Estatística do Turismo:

-os produzidos pelo INE e Banco de Portugal,

-os Indicadores diversos de Estatísticas do INE, ou elaborados com base em informação do INE, Banco de Portugal, Administração Pública e outros.

Em nossa opinião,

-estes segundos Indicadores devem ser elaborados por Centro Universitário de Economia e/ou Estatística de primeira linha, um elemento indispensável do Sistema que integra ainda INE, Banco de Portugal, Turismo de Portugal e Confederação do Turismo Português.

*O Centro Universitário de primeira linha e a Ambição
Este Centro Universitário, em condições a acordar,

-elabora, divulga e garante um Painel de Indicadores e uma versão revista do actual Proturismo,

-assegura um diálogo qualificado entre todos os agentes do sistema: TdP, CTP, INE e BdP,

-realiza todas as tarefas que impliquem credibilidade e posicionamento da Informação Turística do Turismo. 

Este Centro é instrumento de uma ambição

-em três anos, a Informação Estatística Sobre Turismo coloca Portugal no TOP 15 do Travel & Tourism Competitivness Report do World Economic Forum no que respeita à qualidade e cobertura da Informação Estatística Disponível para o Sector do Turismo. 

*Sobre a Balança Turística
O conceito de ‘Balança’ pode ser útil em casos como a Alimentação, de Produtos como o azeite e, mais recentemente, os combustíveis.

Em nossa opinião, a Balança do “turismo internacional” não faz sentido porque

-resulta da diferença de processos com dinâmicas económicas e sociais diferentes e independentes, o Turismo Receptor e o Turismo Emissor – com a excepção do ‘vá para fora cá dentro’, uma espécie de ‘substituição de importações’,

-o foco da Intervenção Publica do Turismo deve ser o facilitar a actividade empresarial a maximizar a Receita de Viagens e Turismo na Balança de Pagamentos.

*Sobre Rankings Internacionais
A Economia do Turismo sofre em excesso de um mal que, em tempos idos, foi denunciado por Michael Porter:

-o do jogador de ténis tão preocupado com o marcador electrónico que perde bolas sucessivas.

No caso do questionável indicador da Balança Turística, há duas observações de princípio:

-em valor absoluto, ganha o País que receba muitos Turistas e seja suficientemente pobre para ter reduzido Turismo Emissor,

-em percentagem do PIB, ganha, de entre os países anteriores, aquele cuja Economia depender mais do Turismo – por este andar, ainda é o caso das Maldivas.

*Equívoco Politico
Apesar de já me ter dado alguns desgostos (o Projecto de Decreto-Lei sobre Alojamento Local é um desastre) mantenho estima e apreço pelo liberal Adolfo Mesquita Nunes, aceito as boas intenções de António Pires de Lima e espero que João Cotrim de Figueiredo actualize a ‘corporate culture’ e ‘management style’ do Turismo de Portugal.

Correndo o risco de só criar sarilhos, espero que eles entendam muito rapidamente que

-uma Informação Estatística do Turismo renovada é indispensável para Conhecer, Tornar Competitiva e Posicionar a Economia do Turismo,

-na ausência desta Informação, as boas intenções apenas garantem o Inferno e alimentam um equívoco político que se tolerava antes da Crise, mas que é inaceitável na actualidade.

Por outras palavras, a excelente apresentação sobre O Marketing Digital na Comunicação Internacional do Destino Portugal dispensava a intervenção do Director da OMT e a cena da Balança Turística

 
A Bem da Nação

Lisboa 3 de Junho de 2014

Sérgio Palma Brito   

 
*Na sessão sobre O Marketing Digital na Comunicação Internacional do Destino Portugal, organizada pelo Turismo de Portugal.