Sazonalidade da Procura Pela Oferta de Turismo do Algarve


Destinos Turísticos Regionais e Acessibilidade Aérea 

Este post resulta de duas recentes intervenções sobre Turismo. A primeira é o tema de um fórum do Tourism Think Tank: “Será o turismo de MICE uma boa oportunidade para combater a sazonalidade em Portugal?”. A segunda é a de Pedro Costa Ferreira, Presidente da APAVT, num recente Fórum da TSF (1), quando, entre outros refere “uma aposta cega na low cost, que segundo as últimas análises apenas vêm agravar a sazonalidade”

a) Politica Nacional e Grandes Destinos Turísticos Regionais


→ Sobre a Abordagem da Sazonalidade

A Sazonalidade da Procura não se “combate”. Costa Ferreira utiliza “atenuar” e nós utilizamos “gerir”, como gerimos outros elementos da Procura. Combater a sazonalidade não é a expressão mais adequada.

A gestão da Sazonalidade da Procura começa por ser uma responsabilidade das empresas. Idealmente, deve ser tida em conta desde a concepção de cada empreendimento – sem isto, a exploração tem a sua eficiência limitada. É a este nível que o essencial da acção se situa – na realidade, ainda temos manifestações de vontade empresarial demasiado dependente da Politica de Turismo (Estado).

A Politica de Turismo tem um papel a desempenhar, mas é a Iniciativa Privada que tem de assumir a responsabilidade e, sem pleonasmo, a iniciativa de gerir a sazonalidade.

→ Sazonalidade, Grandes Destinos Turísticos e Politica de Turismo


A Sazonalidade da Procura manifesta-se de maneira diferente em cada um dos Grandes Destinos Regionais (2):

  • em Lisboa, o MICE tem a sua própria sazonalidade – regra geral, os fins de semanas e as férias são época de baixa Procura,
  • na Madeira, a sazonalidade da procura é reduzida tem muito pouco a ver com a do Algarve,
  • no Algarve, a Procura de MICE já atenua e pode atenuar mais a Sazonalidade da Procura por unidades hoteleiras que têm Oferta adequada.


→ “Portugal é conhecido lá fora por ser um país de mar e sol”  


O Administrador do Tourism Think Tank inicia o debate com palavras muito em voga, mas a exigir escrutínio:

  • “Diferenciar o produto? O serviço? Ou isso não basta? Portugal é conhecido lá fora por ser um país de mar e sol, mas todos sabemos que temos mais para oferecer!  Em 2011, Portugal ficou no Top 10 dos destinos mais recorrentes nos encontros empresariais. Estamos perante uma oportunidade de vender melhor Portugal?”.

Estamos perante um tema a debater, a integrar na agenda da relação entre Politica de Turismo e Iniciativa Privada e para o qual é necessário apoio especializado, qualificado e independente:

  • como relacionar o Marketing da Oferta e a Valorização da Marca, considerando Portugal como Destino Turístico, formado por Destinos Regionais, com massa crítica e Identidade Própria?
  • Em vários mercados da Europa, o Algarve é conhecido como um destino de “mar e sol”, ou como destino de Golfe ou de Turismo Residencial em clima ameno. Lisboa, Porto, Alentejo, Centro e Norte não são, de certeza, conhecidos como destinos de “mar e Sol”. Neste contexto, a afirmação que “Portugal é conhecido lá fora por ser um país de mar e sol” parece não corresponder à realidade.   


→ Portugal e os Grandes Destinos Regionais


A relação entre Marca País e Marcas de Grandes Destinos Regionais e a gestão da Sazonalidade da Procura são dois exemplos de um princípio geral, que urge debater e esclarecer:

  • a Politica de Turismo define Orientações Estratégicas, tendo em conta a diferença de cada um dos grandes Destinos Regionais, do caso especial do Porto e dos três Destinos de acessibilidade rodoviária e Oferta Dispersa, 
  • as exigências da Procura, ao nível de cada um destes Destinos, devem estar na base da Politica para a Oferta do País.
  • deve haver uma Intervenção Pública Regional, de que a “privada” ATL é ícone, mas esta Intervenção deve situar-se no quadro da Regulação Pública da Oferta e não da já tradicional “regionalização turística”.


b) Introdução à Acessibilidade Aérea ao Algarve


→ A Intervenção do Presidente da APAVT


No Fórum da TSF, o Presidente da APAVT constata que houve uma aposta dos empresários “em oferta de valor, oferta de 5-estrelas, 4-estrelas superior e em sectores como o golfe, que são sectores que ajudam muito a atenuar a sazonalidade que é um dos problemas da realidade portuguesa”. Citamos duas afirmações:

  • da parte dos governantes houve “uma aposta cega na low cost, que segundo as últimas análises apenas vêm agravar a sazonalidade”,
  • “No final fizemos investimentos em oferta qualificada e depois concebemos a organização da acessibilidade aérea de modo totalmente enviesado”.

Pedro Costa Ferreira não menciona o Algarve, mas é do Algarve que fala e a sua afirmação não faz sentido em relação a Lisboa, Porto e Funchal. Uma coisa é certa:

  • estas afirmações levantam questões a esclarecer e sugerem que há procedimentos a alterar.

Segue o nosso contributo.

→ Aeroporto de Faro: Companhias Aéreas Estrangeiras e Privadas


Temos de recordar uma realidade incontornável:

  • o Algarve só existe como Área Turística da Bacia Alargada do Mediterrâneo na medida em que o Aeroporto de Faro permita a ligação aérea ao mercado turístico do Norte da Europa.

Esta realidade apresenta dois aspectos particularmente relevantes.

O primeiro é a acessibilidade aérea ao Algarve ter sempre dependido e ir depender de companhias aéreas estrangeiras e privadas – o Quadro 1 ilustra este aspecto. Há evidência de muitos responsáveis nacionais e regionais não terem consciência da importância do jogo win win entre a rentabilidade da Oferta de Turismo e a do Transporte Aéreo:

  • com rotas rentáveis, raras são as companhias que abandonam Faro,
  • com rotas deficitárias, nenhum apoio público consegue reter companhias privadas em Faro,
  • a privatização da ANA reforça os termos em que se põe  este jogo. 

A conclusão parece óbvia:

  • Política de Turismo e Iniciativa Privada têm de concertar uma política regional, em cooperação com a Gestão Aeroportuária, 
  • qualquer decisão do tipo “aposta cega” pode conduzir a um desastre para a Economia.

Gráfico 1 - Passageiros Desembarcados no Aeroporto de Faro, por Companhias Nacionais e Estrangeiras
Fonte: Elaboração Própria, com base em INE – Estatísticas dos Transportes

→ Aeroporto de Faro: Modelos de Negócio do Transporte Aéreo


O segundo aspecto tem a ver com a evolução dos Modelos de Negócio das Companhias Aéreas no Aeroporto de Faro – o Gráfico 2 ilustra esta evolução.

Entre 2000 e 2008, temos

  • a estagnação do limitado tráfego das Full Service Carriers, 
  • a diminuição do tráfego charter do Holiday Package,
  • o crescimento equivalente do tráfego das companhias ditas low cost. 

Ainda hoje desconhecemos análise que responda a questões simples sobre até que ponto o crescimento do tráfego low cost resulta da combinação de duas tendências:

  • compensou, com nova Procura para mais variada Oferta, a diminuição estrutural do Holiday Package para o Algarve?
  • canibalizou o potencial de negócio do Package Holiday e não representou valor acrescentado para a Região?  

A resposta a estas questões é relevante em si e pela força da Intervenção Pública que tem lugar, a partir de 2008/2009.

Gráfico 2 - Passageiros do Aeroporto de Faro, por Modelos de Negócio do Transporte Aéreo, na Actualidade
Fonte: ANA – Aeroporto de Faro

→ Modelos de Negócio do Transporte Aéreo, da Procura Final e do Alojamento Turístico – Antes das Companhias Low Cost


O Quadro 3 ilustra os Modelos e Sub Modelos de Negócio da Procura Final pela Oferta do Turismo do Algarve. O Quadro é suficientemente claro, para que possamos passar ao problema relevante:

  • qual a relação entre Modelos de Operação do Transporte Aéreo e Sub Modelos de Negócio da Procura Final por Estadias no Algarve, em Hospedagem onerosa ou não?  

Até ao fim da década de 1990

  • a acessibilidade aérea ao Algarve é dominada por um Modelo de Negócio do Transporte Aéreo (o Voo Charter), um Sub Modelo de Negócio da Procura Final (Package Holiday) ligado, em grande parte mas não exclusivamente, ao Alojamento Turístico Classificado.

Neste quadro,

  • o Independent Traveller, definido como o Turista que não adquire o Holiday Package (3), é cliente cativo do Charter/Holiday Package, na criativa figura do Seat Only, 
  • uma vez no Algarve, o Independent Traveller pode ser cliente do Alojamento Classificado ou das Camas Paralelas ou, ainda, utilizar a sua  Casa do Tempo Livre,
  • o Package Holiday também comercializa Camas Paralelas, nomeadamente no Villa Market e outros Rentals.


Quadro 3 – Modelos e Sub Modelos de Negócio da Procura Final da Oferta de Turismo do Algarve
Fonte: Elaboração Própria

→ Modelos de Negócio do Transporte Aéreo, da Procura Final e do Alojamento Turístico – Depois das Companhias Low Cost


Este mundo relativamente equilibrado e rentável é perturbado por quatro factores

  • o reconhecer de uma degradação dos Lucros e do Produto, devida a uma crise de crescimento – entre 1984/1988 o número de clientes da Thompson aumenta de 1.4 a 3.3 milhões e os lucros diminuem de 15.8 a 3.4 milhões de libras e o Managing Director da Thompson menciona um produto unreliable, unsafe e unfashionable (4),
  • o mais importante dos factores é o iniciar de profundas transformações  na Procura, de que o chamado “market of one” é uma das primeiras (5),
  • a Liberalização dos Direitos de Tráfego Aéreo no espaço comunitário, que permite a afirmação das companhias low cost – pela sua flexibilidade conquistam o essencial da Procura seat only e respondem às transformações profundas da Procura.

Os Operadores de Holiday Package recuperam da Crise de Crescimento da década de 1980. O novo contexto de concorrência reforça-se, mas a afirmação de novos Destinos reforça o Holiday Package no Mainstream Business e permite enfrentar a concorrência. Por outro lado, captar o Independent Traveller passa a ser (ou continua a ser, se tivermos em conta a “velha” politica de vender Seat Only) uma das Estratégias de TUI e Thomas Cook.

Este novo modelo permite a democratização do transporte aéreo para cidades e alarga a sua flexibilidade na Acessibilidade a Áreas Turísticas. Governos, entidades regionais e a Oferta de Turismo (sobretudo em meio urbano) reconhecem o seu valor acrescentado e negoceiam apoios políticos.

→ Agências de Viagens Nacionais, Turismo do Algarve e Companhias Low Cost


Pelas mais variadas razões, a relação entre as Agências de Viagens e a Oferta de Turismo do Algarve raramente foi fácil. A Distribuição por Holiday Package minimiza a sua capacidade de intervenção – no Incoming, as agências com dimensão estão ligadas a grandes operadores. A Procura Interna tem uma sazonalidade extrema, começa por ser reduzida e o alojamento de Verão é vendido em bloco aos operadores estrangeiros. Muitos portugueses são clientes directos. No mercado nacional a Procura da Europa da Dívida altera esta situação, mas não fundamentalmente.

No contexto actual das Companhias Low Cost, há dois factos

  • as Agências de Viagem perdem uma intermediação que, não tendo as margens do passado, ainda é interessante – esta realidade tem mais a ver com o tráfego outbound de Lisboa e Porto do que com o tráfego de Faro,
  • estas companhias concorrem com  Operadores de Holiday Package, com a possível distorção da Concorrência e uma perturbação negativa na Distribuição e Venda da Oferta do Algarve.   

Neste contexto, a questão a pôr é:

  • a “decisão cega” é mesmo cega ou é uma visionária Politica Para o País, apesar de não ser do agrado dos legítimos interesses representados pela APAVT?  

A resposta tem de passar por uma análise da realidade.

→ A Questão Essencial Sobre a Intervenção do Estado no Caso do Algarve


Para efeito do presente post, a questão essencial é a de saber se, quando o Estado intervém (por via de Apoios da ANA e do Turismo de Portugal) na atracção de transporte low cost,

  • distorce gravemente a concorrência entre o Package Holiday e a Organização do Turismo Desorganizado, que capta os crescentes Independent Travellers? 
  • é esta a resposta pública mais adequada ao desvio do negócio Mainstream do Holiday Package para Destinos mais competitivos do que o Algarve? 
  • faz uma “aposta cega” ou tem politica visionária para o Turismo do País, acima dos interesses sectoriais, como seriam os defendidos pela APAVT, por mais relevantes que estes sejam?

Por outro lado, há duas questões

  • a diminuição do tráfego Charter para Faro corresponde ou não a uma perda de quota de mercada do Holiday Package nos países de origem? Se assim for, o crescimento das low cost responde a uma alteração da Procura,
  • a Oferta do Algarve tem produtividade que lhe permita competir com os Destinos do Mainstream e/ou com outros Destinos da Bacia do Mediterrâneo? 


c) Da “aposta cega” a Uma Politica Concertada e Aberta (6)


→ 2008: Do IDRAIT ao Iniciative: pt


Segundo o Turismo de Portugal, o processo remonta a Abril de 2007 e é revisto em 2008 (7):

“Em Abril de 2007, o Turismo de Portugal e a ANA e ANAM assinaram um Protocolo para a implementação de um modelo público-privado de desenvolvimento de rotas aéreas de interesse turístico (IDRAIT).

Em 2008 procedeu-se à revisão do regulamento da IDRAIT, da qual resultaram as seguintes alterações:

  • identificação de uma marca para o projecto – “iniciativa: pt”. 
  • flexibilização da abrangências dos apoios (novas rotas e aumentos de frequências). 
  • identificação e classificação por prioridades das rotas de interesse turístico. 
  • definição da matriz de apoio em função  do destino, do grupo de elegibilidade, da época IATA e do sector e situação em que a rota opera. 
  • estabilização das modalidades de apoio (campanhas de marketing genérico da rota e de marketing específico do destino). 
  • estabilização de minutas de contrato como instrumento de base negocial com as companhias aéreas.”.

Sublinhamos factos relevantes

  • este Programa foi formalmente concertado coma CTP, a nível nacional, e com a Iniciativa Privada em cada um dos Destinos Regionais, com destaque para ATL e AHETA?
  • pelo menos desde 2009/2010, há no Algarve um clima de desconforto e mal estar, fruto da falta de informação objectiva e consequente florescer de informação distorcida.

Em 2009 (8), é criado o “Initiative: pt Monitor – implementação de um sistema de avaliação dos impactos económicos e turísticos das rotas aéreas abrangidas por campanhas de marketing inscritas no programa [Iniciativa:pt] (parceria Turismo de Portugal, ANA e Universidade do Algarve) – envolve a realização de 600 inquéritos/rota/ano.”.

Sobre o Initiative: pt Monitor, há dois factos a sublinhar:


  • os Relatórios anuais do Initiative: pt Monitor estão protegidos por um nível que confidencialidade inaceitável e fonte de desinformação,
  • há um enorme acervo de informação recolhida que, tanto quanto sabemos, não é disponibilizada para ser utilizada nos mais variados estudos.

Recentemente soubemos que o Programa Iniciativa: pt abrange quatro anos e tem orçamento de 40 milhões de euros (citamos, de cor, a Senhora Secretária de Estado) e, em 2012, há 500 k euros para o Algarve.

→ 2009: Derramar Dinheiro Sobre Problemas


O Quadro 4 ilustra a tentativa de avaliação das Acções implementadas, em 2009, no quadro das Medidas Anti Crise.

Quadro 4 – Tentativa de Avaliação das Acções do Ano de 2009
Fonte: Elaboração própria com base em Relatório do Turismo de Portugal, de 2009

Os Valores e Resultados deste Quadro justificam

  • uma informação mais completa do que a prestado pelo Turismo de Portugal no seu Relatório.
  • Primeiro, comentários breves sobre a Acessibilidade Aérea:
  • a verba gasta com o Programa Initiativa: pt não está em linha com os 40 milhões de euros em quatro anos,  
  • há uma verba de 5.6 milhões para “Campanhas de “Hard Selling” com as Companhias Aéreas”, mas o resultado obtido é muito questionável: apenas mais 101 k passageiros adicionais desembarcados.

Depois, os gastos em Promoção Turística:

  • não há avaliação do resultado do apoio à rota Moscovo da TAP,
  • o caso mais relevante o  investimento de 22,65 milhões de euros (76% financiado pelo Turismo de Portugal), sem indicação dos resultados obtidos.

Os números de 2009 permitem uma constatação e duas questões:

  • o apoio ao “trade turístico estrangeiro” (sobretudo operadores de Holiday Package) é TRÊS vezes superior ao apoio a Companhias Low Cost (incluindo já o Hard Selling”),
  • face a estes números qual a justificação das queixas sobre o Estado favorecer Companhias Low Cost, em detrimento do Holiday Package,
  • que continuidade e resultados teve um tão importante Programa de Apoio? 


→ Uma Politica Aberta e Concertada


O Passado só é Passado se avaliarmos as nossas decisões e disso tirarmos as devidas consequência. Se assim não for, o Passado vai ser Futuro e teremos problemas cada vez mais graves.

O Presidente da APAVT formulou uma crítica que não pode ser ignorada. O mesmo acontece com as críticas do Presidente da AHETA.

Independentemente destas posições (até podem apenas representar interesses sectoriais, abaixo do Interesse do País), a Relação entre a Politica de Turismo e a Iniciativa Privada deve passar a ser concertada e formal, no respeito da abertura de informação e da transparência.

Estas são as Condições Necessárias para uma Politica Aberta e Concertada.

A ver vamos se são Suficientes – isto é, se “as Pessoas” (de um lado e de outro) querem, de facto, uma Politica Aberta e Concertada.

→ Questões em Aberto


No caso do Aeroporto de Faro, a necessária Politica Aberta e Concertada não pode ignorar aspectos como

  • a integração da Acessibilidade Aérea com o Marketing da Oferta (vulgo Promoção Turística), pois a Acessibilidade Aérea é elemento do Produto, indissociável da Distribuição/Vendas e Instrumento da Promoção,
  • a intervenção do Estado distorce a concorrência entre Low Cost e Holiday Package, não evita que o Modelo de Negócio apoiado reforce a sazonalidade e impeça a diversificação de mercados?
  • a intervenção do Estado, e qual, é ou não necessária para o Algarve captar o número crescente dos actuais Independent Travellers, em particular apoiar o Turismo Residencial e a atracção de Reformados do Tempo Livre?
  • como recuperar, no quadro do Iniciativa: pt ou outro Programa, o atraso acumulado em ligar Faro com Hubs de Full Service Carriers da Europa – acesso indispensável ao desenvolvimento do MICE, reforço do Golfe e qualificação do Turismo Residencial?

Uma resposta cabal a estas perguntas passa por consultores, investigadores e estudiosos terem acesso à informação bruta recolhida pelo Initiative: PT Monitor. Esta informação é paga por Fundos Públicos, o que justifica a liberdade de acesso. Esta deveria ter sido, desde o início, uma das premissas do Projecto.

No quadro do novo relacionamento entre Politica de Turismo e Iniciativa Privada, o Iniciativa: pt tem de ser, mesmo tardiamente, “aberto e concertado”, de modo a poder responder a estas e outras questões.
Só assim o Passado não será Futuro.

Algarve 6 de Fevereiro de 2012
Sérgio Palma Brito


Notas
(1) Presstur, 25.1.2012
(2) Não ignoro a importância do Porto e o seu novo turismo urbano nem dos Destinos Regionais de Acessibilidade Rodoviária e Oferta Dispersa – na ocorrência, estão sobretudo em causa os três Grandes Destinos Regionais
(3) Outbound Markets / Market Segments Studies, European Independent Travel, Nancy Cockerell, editor Economist Intelligece Unit’s Travel Industry Monitor, Nº 4 1991
(4) Comentário de Michael East, Travel News, 31.8.1989; citamos, de cor, o comentário de Charles Newbold, Managing Director da Thompson Tour Operations
(5) Ver os quatro livros de B. Joseph PineII e James Gilmore: Markets of One, THe Experience Economy (edição original e a “updated edition”de 2011), Authenticity e o mais recente Infinite Possibility (com Kim C. Korn e não com James Gilmore)
(6) Começamos por uma Declaração de Interesses em dois pontos:

A nossa reflexão sobre a Economia de Turismo e da relação entre Politica de Turismo e Iniciativa Privada está acima de escaramuças “em curso e futuras”, com a Secretaria de Estado, e de agenda política de quem quer que seja (… incluindo a nossa!).
Defendemos que a relação entre Politica de Turismo e Iniciativa Privada tem de passar por uma alteração profunda, que consiste em, genuinamente, respeitar quaro grandes princípios: Concertação Estratégica, Formalidade, Abertura da Informação e Transparência. 
Tivessem estes princípios sidos respeitados, e TODOS teríamos sido melhores a enfrentar a Crise e a reportar o Custo/Benefício das Acções implementadas.
Fossem estes princípios já uma prática corrente (neste campo, o Governo e a Iniciativa Privada ainda estão no prazo para preparar esta alteração profunda) e não estaríamos reduzidos à insuficiente e imperfeita análise este post contém. 

(7) Turismo de Portugal, Relatório de 2008, p. 29

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